De brumas se fez gargantas, que logo habitaram as acauãs. Rio cheio e seco - de quando em vez - fez ali surgir, em paredões e águas dormentes, uma imensidão de beleza. Pedra sobre pedra, ocre dura do primórdio, em nomes e formas de ruma se ver por lá: pedra do navio, pedra da baleia, das araras, do canhão... Até um artista escultor aproveita da fartura e emoldura no granito sua arte secular.
A sutileza do lugar associada aos caprichos do homem, nos permitem deslumbramentos e sonhos. No balanço das manhosas e silenciosas maretas, trafegam canoas - manhãs tardes sem cessar - cheinhas de Tucunarés, arrumados por ali nos samburás.
Madrugadas solitárias transbordam de lembranças minha infância pastoril. Açudes de areia, mergulhos de emoções, estórias assombradas... ao passo que o sol se aponta na ribanceira, do lado de lá. Diante disso, meus olhos investigam ângulos, formas, luz, cor, vida, algo que eu possa eternizar, partes desse lindo lugar.
Gargalheiras: belíssimo açude, encravado na região Seridó oriental potiguar, no município de Acari/RN, a 210 quilômetros de Natal/RN.
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